Lamentavelmente, o Brasil é recordista em feminicídios. Está entre os cinco países que mais matam mulheres no mundo.

Na véspera de natal, duas mulheres foram brutalmente assassinadas: a juiza Viviane do Amaral Arronenzi, 45 anos, foi esfaqueada na frente das filhas, no Rio de Janeiro. Ana Paula Porfirio dos Santos foi morta a tiros na cidade do Recife. O que esses assassinatos possuem em comum: o fato de serem mulheres mortas por seus companheiros que não aceitavam o fim do relacionamento, e se achavam os donos dos destinos e das vontades das vítimas.

Os crimes são mais um reflexo do aumento dos casos de violência contra a mulher na pandemia.

Tivemos uma alta de 7,1% no ano de 2019 em relação à 2018. Foram 1.326 mulheres mortas por feminicídio, de acordo com o Anuário de Segurança Pública. Na maioria dos casos, o autor do crime era um companheiro ou um ex-companheiro da vítima, em 90 % dos casos e do total de vítimas, cerca de 67% eram negras.

Durante o período da pandemia, os feminicídios cresceram 16%, os dados foram revelados pela plataforma EVA, do Instituto Igarapé, e também demonstram que o número de chamadas ao Ligue 180 relacionadas à violência doméstica também subiu 36% na mesma comparação. Uma mulher é morta a cada 9 horas, estamos diante de uma barbárie. Não podemos continuar sendo mortas pelo simples fato de sermos mulheres.

É preciso mudar essa cultura, derrogar o legado do patriarcado que se fundamenta na discriminação de gênero. Como mulher, mãe, professora, deputada e presidente da CPI do Feminicídio na Paraíba, conclamo todos os poderes e a sociedade civil para unirmos forças no enfrentamento ao feminicídio. Juntos podemos construir políticas públicas de proteção as mulheres, podemos mudar a cultura misógina e construirmos relações sociais fraternas e igualitária entre homens e mulheres. Podemos construir o desenvolvimento e a democracia. Tudo isso passa por novas relações de gênero.

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? EBC